A actualidade noticiosa em Portugal foi marcada por um vídeo amador gravado em plena sala de aula, que abriu os telejornais. Uma aluna de uma escola secundária do Porto reagiu mal quando a professora lhe retirou o telemóvel durante uma aula. Não obedeceu às ordens e usou da força. Uma das alunas presentes na sala filmou tudo e o vídeo rapidamente chegou à Internet. Uma luta entre a professora e a aluna que não deixou ninguém indiferente.
Casos de violência no interior de uma sala de aula não são virgens, mas a existência de um vídeo serve de alerta social. O bullying, a violência na escola que atingia crianças e jovens, está agora a aterrorizar os professores, aqueles que deveriam estar a dedicar-se ao ensino (a moldar o futuro do País) – são agora constantemente denegridos, rebaixados e humilhados pelos alunos (para não falar da desautorização política).
Situações como esta levam todos professores a reflectir sobre como actuariam em tal situação. Entre a agressão em auto-defesa, as críticas às políticas educativas e à responsabilização das famílias, fica uma grande e redonda certeza: os tempos mudaram.
Causas? Será que vivemos num vazio de valores? será a escola é demasiado facilitista? Será que em casa não se educa? serão as nossas crianças e jovens exigem cada vez mais cedo direitos de adulto e cada vez mais tarde os seus deveres? Será que faltam modelos de comportamento? A conclusão mais importante a que a gente chega é que a violência é, sem nenhuma dúvida, a maior prova da falência da educação, dessa educação que valoriza conhecimento e vida em sociedade, que aponta para uma cultura de respeito às diferenças. A conclusão que se chega é que na escola actual geram-se conflitos que a própria escola não consegue resolver. Faltam recursos, falta orientação, falta comunidade.
Num ambiente de violência é impossível promover a educação das pessoas. As escolas Portuguesas empenham-se em ser boas passadoras de conteúdos, mas não lhes é dada oportunidade de assumir a função de educadoras.